Água das Pedras
O almoço custou a entrar...a passar na garganta.
Recebi hoje um email...que mais valia não ter recebido.
Não, a culpa não foi tua. A culpa é da minha maneira de ver, ser e sentir as coisas.
Não, não tens que pedir desculpa...
Imagens vindas de um país árabe, muçulmano talvez.
Imagens atrozes, macabras e sanguinárias. Relembram-me tempos idos, a idade media, o tempo da “Santa Inquisição”.
Aquele tempo, onde a caça às bruxas, mesmo as que não eram, era o pão nosso de cada dia.
Fazem-me recuar ao ano em que estive no Museu de Cera em Barcelona, onde lá, em cera, obviamente, haviam cenas como esta e outras...piores talvez, mas estáticas, inanimadas, sem vida. Estas têm vida, luz e cor.
Ali ao vivo, perante uma multidão enfurecida, perante olhares ingénuos de crianças...um homem a ser empalado. Não é um homem qualquer...é um PEDÓFILO, a ser castigado na praça pública.
É uma morte rápida, por certo, mas trás ao de cima, os nossos reflexos mais primários, como os quais não concordo.
Por certo eles é que poderão ter razão, e nós, ditos civilização civilizada, estamos errados, quem sabe?
Mesmo assim, os requintes utilizados, a técnica, também nos levam ao antigo Império Romano, onde cenas como esta eram usadas para divertir as audiências...sedentas de prazer...para verem a morte de um seu semelhante...mas de maneiras cruéis, barbaras, sanguinárias.
Talvez tenha impacto, a mim foi mais que isso. Foi um impacto...que mesmo com os diversos goles de água das pedras, tarda em por o estômago em ordem. Foi mais um IMPACTO.
Não discuto quem terá razão, “se tu se eu”. Poderá nenhum de nós ter razão.
Dirás, então como punir pessoas com esta?
Se calhar a minha maneira de punir, poderá ser mais macabra, mais primária, mais atroz, que sabe?
Imagino uma cela minúscula, sem luz, sem nada. A vitima ali fechada com pouca água...muito pouca. Apenas com os seus medos, fantasmas, sombras.
Daria tempo para pensar, pensar....pensar. Talvez esse pensar acabasse por rebentar com o pensador. Também muita musica, sem texto ou contexto.
Penso também numa punição diferente, no meio de um deserto, longe de tudo e de todos, preso. O sol, o calor e a insolação dos dias. O frio e a escuridão das noites.
Também penso...no meio de areias movediças...mas daquelas que levam dias a “devorar” a vitima...
Penso em muitas outras maneiras, mas como já te apercebeste, são todas do foro psicológico...e por agora BASTA!
Basta, porque ao pensar nisto, estou a abrir uma porta na minha mente...onde os pensamentos mais negros, mais escuros, mais atrozes, mesmo sem os ter, estão lá, e de lá não deverão sair...ou se saírem...que saião purificados, limpos do preto que carregam.
A água acabou, o estômago...parece querer começar a digerir o parto almoço de hoje.
Se calhar foi bom falar sobre isto, sobre as minhas ideias de punição para PEDOFILOS e congéneres.
Se calhar...foste como uma psicóloga...sem estar num sofá...sem ter que pagar pela consulta...”desabafei” sem me aperceber de tal.
Mas continuo a pensar....se tal acontecesse com o meu filho, o que faria...realmente?
Mas passemos à frente...em direcção ao futuro...risonho espero.